1-O Clube Português de Cinematografia/Cineclube do Porto acabou de festejar 65 anos de existência. Os nossos parabéns. A instituição foi uma das mais importantes no panorama cultural da cidade do Porto, tendo conseguido afirmar-se como um dos cineclubes mais influentes e prestigiados da Península Ibérica. A cidade, o país e Cultura devem-lhe muito.
Face à sua história e também às incertezas que caracterizaram o seu passado recente, foi criado o Movimento pelo Cineclube do Porto (MCCP), cujo objectivo único consistiu em alertar a cidade para a reconhecida inactividade do CCP, com prejuízos evidentes para a degradação do seu património fílmico e documental. Neste contexto, foi marcada uma Reunião Magna do MCCP que, não só conseguiu abanar consciências adormecidas, como despertou interesse em vários quadrantes da vida cívica e cultural portuense.
No seguimento da iniciativa lançada pelo MCCP e interesse gerado à volta da instituição, foram marcadas uma Assembleia Geral Extraordinária, uma Assembleia Geral Ordinária, e Eleição dos corpos gerentes para 2010. O MCCP ficou à espera da subsequente tomada de posse da nova Direcção do CCP para fazer avançar o processo e abertura ao diálogo. Tal não aconteceu até agora.
2- Importa, porém, descrever sucintamente alguns passos dados pelo MCCP no sentido de ser encetado um diálogo partilhado e assumido por todos, já que todos, gostam de Cinema e todos querem fazer renascer das cinzas o CCP.
Assim, no dia 8 de Março, foi enviada à nova Direcção do CCP, uma proposta de reunião na sede da instituição, cujo objectivo consistia na troca de informações sobre o estado actual do CCP e possível colaboração futura. A Direcção respondeu, no dia 20 de Março, que só prestava informações aos associados e, ao mesmo tempo, lançava o convite de filiação dos membros do MCCP no CCP.
3- Na resposta, foram lembrados alguns factos relevantes: em primeiro lugar, o facto do CCP ser uma instituição da cidade e com o estatuto de Utilidade Pública. Como tal, diz respeito aos seus sócios, mas também, aos ex-cineclubistas que, durante muitos anos, deram o melhor de si em prol da instituição e da cultura. Depois, convém referir, foi o MCCP que colocou na Internet uma petição, tendo recebido a adesão de cerca de 800 assinaturas, algumas delas, vindas do estrangeiro. Acresce o facto, de alguns dos subscritores do Manifesto terem sido durante anos dirigentes do CCP e como tal, conhecedores da sua vida associativa. Além deste facto, importa sublinhar que, a nossa única pretensão era balizada em questões que têm a ver com a melhor forma de salvaguardar o património existente, ou como resolver a dívida pública a um organismo do Estado (ICA - Instituto do Cinema e do Audiovisual). Como se verifica, moveram-nos questões de relevância pública, logo do interesse da cidade e dos cidadãos, sejam eles sócios ou simples amantes do cinema. No entanto e pese a nossa abertura e boa-vontade em iniciar diálogo, o email enviado nem sequer resposta obteve.
4- Importa recordar que a iniciativa do MCCP foi compreendida por centenas de pessoas que, não só subscreveram o Manifesto pelo Cineclube do Porto, como muitas outras deram apoio à iniciativa, já que, foi através deste facto que a comunicação social, nomeadamente, a Imprensa, Rádio e TV, deram ampla cobertura à acção de cidadania.
5- Foi graças ao empenho do MCCP que, a cidade e os cineclubistas tomaram conta do estado de atrofia e abandono do CCP, sem esquecer a degradação do seu valioso património e legado histórico. Foi, ainda, graças à dinamização então encetada que, finalmente, a cidade acordou e algumas pessoas resolveram constituir uma Direcção. Porém e estranhamente, entenderam excluir da participação cineclubista os dinamizadores do Movimento do Cineclube do Porto. Apesar das manifestações públicas da nossa disponibilidade em participar na vida do CCP, o certo é que tem existido uma indiferença e apenas tem imperado o silêncio. Para que conste: o único sentimento que nos move, tem a ver com a transparência, rigor das contas e defesa do legado do CCP.
6- O MCCP reafirma a sua disponibilidade, publicamente, para colaborar com a Direcção do CCP naquilo que melhor entender. Aproveitamos para anexar um conjunto de propostas apresentadas pelo MCCP na sua Reunião Magna, de 04/12/2009, as quais entendemos bastante pertinentes para o futuro do CCP, nomeadamente, a efectiva continuidade das actividades do CCP, bem como, a polémica gerada à volta da dívida ao Instituto do Cinema e do Audiovisual.
7- Por último, fazemos um apelo quanto ao espólio do CCP. Tendo em conta o seu valor não só para o CCP, mas para a cidade do Porto e a cultura cinematográfica, fazemos um apelo às autoridades públicas ou privadas para possam albergar, restaurar, preservar, inventariar – disponibilizando em linha - o espólio desta mui nobre instituição.
8- Continuamos interessados na prática de um cineclubismo vivo, sem exclusões, actuante e participativo na cidade do Porto.
Saudações cinéfilas,
André de Oliveira e Sousa
André Santos
Manuel Joaquim Poças Pintão
Manuel Vitorino
Maria João Cocco da Fonseca
Sérgio Paulo Almeida